terça-feira, 28 de abril de 2009

A camisa

O que restou foi só uma camisa polo suja de vinho, um cheiro de cigarro e sexo no canto do quarto e meia dúzia de mentiras bêbadas, pra se satisfazer os dois égos que se degladiavam aos pingos salgados de suor. algo morre nos pensamentos no canto do quarto, há algo morto, não no sentido orgânico, morto por ter tido vida, vinte minutos e a contração na mandíbula, vinte horas depois e as dores nas coxas, as dores no peito e no pensamento só. o amor é um cão dos diabos já dizia o velho alcoolatra, seis e vinte da manhã e o café espera na mesa com meia dúzia de bolachas de água e sal, o metrô me espera para ir ao trabalho, o trabalho espera as minhas oito horas de vida, a minha cama já me espera e mal saí dela, mas ela não o espera, foi só uma foda como trombar alguém com os ombros na rua, um instante, um "- desculpe e até logo", um mercantilismo gratuito e sem mérito. a calçinha vermelha enrolada no lençol, sentada com minha camiseta branca e os roxos nas coxas e nada mais, olhando a mancha de vinho na camisa polo que não tem mais dono. meu café esfria. o amor é um cão dos diabos mesmo.

Sete oitavos

A lua refrete todo um descampado sobre a menina, é um terreno de algodão, branco como as coxas sob as meias sete oitavos, seco como o batom que amarga vermelho no cigarro, como o lábio que namora de forma brutal o fino do cristal que é embebido de vinho. as veias roxas do pulso, as coxas arrepiadas da nudez da varanda a sós comigo mesma, a s´sos com o céu de algpdão, o céu é o único homem que permito ver minhas coxas brancas sob minhas meias brancas sete oitavos, o único que permito observar meu andar feminino vestindo apenas minhas meias sete oitavos, meu cigarro, meu vinho e meus pensamentos turvos de algodão, o céu é o único homem que permito tocar o macio da minha pele com suas lágrimas de garoa, o céu é o único homem o qual permito minhas lágrimas.